"Este momento marca o sentido de missão das empresas nacionais que respondem às exigências das operadoras petrolíferas…", afirmou Filipe Nyusi no seu discurso inaugural.
A empresa, Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) estreou, sábado, 27 de Julho de 2024, com o lançamento oficial do início das operações marítimas da CFM Logistics, na logística de petróleo e gás em Moçambique. Trata-se de uma Empresa criada no âmbito do core business da CFM, com objectivo de envolver-se em toda a cadeia de produção, logística e venda de recursos energéticos, tendo em conta as descobertas de importantes reservas de gás natural na Bacia do Rovuma, que se juntam ao potencial em produção na zona Sul, na região de Pande-Temane, colocando, desse modo, o nosso País na posição de um dos maiores produtores mundiais de Gás Natural Liquefeito. "Afigura-se como uma acção estratégica nacional da CFM, que serve de meio para assegurar a participação e empoderamento das empresas nacionais", afirmou Filipe Nyusi, presidente da República, tendo acrescentando que o início das operações da CFM Logistics representa também o começo de uma ambição maior de exercer e prestar serviços marítimos em águas profundas e em toda a área marítima integrante do território moçambicano.
A cerimónia de lançamento das operações marítimas da empresa CFM Logistics baseada no Porto de Nacala, província de Nampula, região norte do país, foi orientada pelo Presidente da República.
No seu discurso, Filipe Nyusi afirmou que era com alegria e satisfação que se associava à cerimónia que marca o início das operações marítimas da empresa CFM Logistics, associadas ao sector de hidrocarbonetos na região norte do país.
"Este momento marca o sentido de missão das empresas nacionais que respondem às exigências das operadoras petrolíferas, com critérios de selecção bastante exigentes e não só. Num universo de selecção que inclui outras empresas que operam noutras geografias", afirmou.
A empresa CFM Logistics estudou o mercado, por isso, as actividades que irá desenvolver revestem-se de muita importância, porque constitui um sinal inequívoco da participação dos moçambicanos na cadeia de valor do sector de petróleo e gás e consequente retenção das dívidas dentro do país. O mesmo pode acontecer no âmbito do conteúdo local.
"Assim, aproveitamos o ensejo para exprimir o nosso apreço à empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique pela sua antecipação às actividades que irão decorrer na fase de pesquisa de alguns campos, localizados ao largo de Angoche e na fase de desenvolvimento dos empreendimentos em terra, na Área 1 e na Área 4", explicou.
Para Filipe Nyusi, o início das operações marítimas da CFM Logistics significava a tradução do conteúdo local em meios e equipamentos ao país, com trabalhadores moçambicanos e com actividades económicas susceptíveis de contribuírem para as contas públicas.
"Testemunhamos o mecanismo bem conseguido de gerar possíveis ligações com outras empresas, tais como, de abastecimento dos combustíveis, reparações navais e armazenagem, acarretando efeitos sobre o emprego, valor acrescentado e crescimento económico", apontou.
Nesse contexto, o Estadista moçambicano fez saber que aquela cerimónia era uma demonstração tangível de capacidade de oferta pela CFM Logistics, cujas operações respondem a um desafio há muito colocado no sentido de maximizar a retenção do valor dentro do país, tendo por base o desenvolvimento de uma fileira de empresas de fornecimento de bens e serviços.
Na ocasião, Filipe Nyusi disse que estava satisfeito pelas condições de segurança que o Porto de Nacala oferece, comparativamente ao tempo em que era administrador da CFM Norte, onde os navios petroleiros não atracavam por falta de condições e equipamentos.
Na sequência, disse que o Governo ressalta o facto deste potencial extensivo ao sector privado em todas as outras actividades cujas operações não apresentam, no início, barreiras legais para entrar.
Todavia, acrescentou, "devemos ter consciência da dimensão do desafio neste sector, face ao potencial do desenvolvimento futuro".
E, neste caso, elencou alguns aspectos que considera sensíveis, tais como, as exigências decorrentes da construção dos módulos em terra na Área 1 e na Área 4 da Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, em termos de mão-de-obra qualificada das pequenas e médias empresas certificadas, com equipamentos e recursos financeiros que correspondam às necessidades de procura de diversos serviços.
A empresa CFM "está a dar uma lição de não murmurar nem lamentar, porque, às vezes, o empresariado nacional reclama oportunidades. Mas as oportunidades têm regras e exigências apresentadas pelas empresas grandes. Esta é uma lição e um chamariz para as empresas moçambicanas competirem", observou, para mais adiante recomendar a necessidade de as empresas nacionais investirem na qualidade na prestação de serviços de armazenamento, serviços de acomodação na fase de construção, de transporte, incluindo fornecimento de bens alimentares, comércio e na pecuária.
Este tipo de actividades acarreta a inclusão do sector familiar e, por essa razão, afigura-se capaz de gerar impacto socioeconómico positivo nas comunidades locais, que é grande objectivo do Governo.
"É desta forma que se confere legitimidade e sentido de pertença das comunidades locais quanto aos empreendimentos, libertando jovens e mulheres da ociosidade, elevando o seu bem-estar socioeconómico", ressaltou.
Esta tendência, referiu, faz com que estas classes sociais não fiquem à espera nem de programas de responsabilidade social e da atribuição directa de créditos fiscais.
"Como se depreende, a actividade da CFM Logistics é de grande importância, mas, ainda assim, corresponde apenas a uma porção das vastas oportunidades que incorporam a estrutura de uma economia", anotou.
Na ocasião, o Presidente da República recordou que, a menos de um ano, foi inaugurado o porto de Nacala, depois de beneficiar-se de obras de reabilitação, ampliação e modernização, como resultado de um grande esforço do Governo, através do seu braço executivo, a empresa Caminhos de Ferro de Moçambique.
Assim, prosseguiu, "as operações da CFM Logistics atestam o papel das infra-estruturas portuárias, particularmente, do porto de Nacala como um factor de desenvolvimento e progresso económico a favor dos moçambicanos e da região".
Todavia, salientou que não seria redutor confinar a geografia das infra-estruturas somente no porto de Nacala, tendo em conta o porto de Pemba e áreas contiguas concessionadas que concorrem para o desenvolvimento de actividades económicas, que incluem o sector mineiro.
Esta empresa "tem também a responsabilidade descentralizar o desenvolvimento económico de Moçambique", anunciou o Chefe de Estado, para depois enfatizar a necessidade de exercer a economia de diferentes polos, o que será, segundo explicou, a verdadeira descentralização, sobretudo com este manancial de infra-estruturas marítimas e portuárias preparadas através da maximização das oportunidades.
E para o caso da indústria do petróleo e gás, Filipe Nyusi aponta como uma oportunidade impar para a afirmação de actores moçambicanos na prestação de serviços logísticos.
"É sabido que os portos e serviços marítimos são incontornáveis para o desenvolvimento de Moçambique, por isso, os nossos irmãos do Zimbabwe, Malawi, Zâmbia, mesmo da África de Sul, estamos a ser solução para a evolução da região", frisou.
O Presidente da República destacou ainda que "estamos a testemunhar um investimento nacional estimado em 20 milhões de dólares americanos da empresa CFM, realizado pela aquisição de meios que acabamos de inaugurar. Trata-se de rebocadores e barcos pilotos modernos, robustos e também a confirmar a formação dos recursos humanos que irão operar os meios inaugurados".
Deste modo, assinalou, a empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique vem capitalizar a sua experiencia secular no manuseamento portuário, bem como, capitalizar os seus recursos humanos e financeiros, direccionando para investimentos que lhe permitam gerar mais riqueza e mais desenvolvimento socioeconómico dos moçambicanos.
"Afigura-se como uma acção estratégica nacional da CFM que serve de meio para assegurar a participação e empoderamento das empresas nacionais", sublinhou, acrescentando que, adicionalmente, as operações da CFM Logistics representam o começo de uma ambição maior de exercer e prestar serviços marítimos em águas profundas e em toda área marítima, integrante do território moçambicano.
"Queremos que a nossa empresa seja uma verdadeira prestadora de serviços marítimos em águas profundas, sustentável e internacionalmente competitiva. Queremos ainda que a CFM Logistics seja a imagem da logística no mar e em terra", apelou o Estadista moçambicano.
Nesse quadro, convidou ainda a CFM a maximizar as infra-estruturas portuárias e logísticas de que é possuidora a nível nacional.
"O Governo está claro em assegurar e respeitar o conceito do conteúdo local, particularmente desta indústria de petróleo e gás, contudo, devemos evitar corrermos o risco de se fazer entender que a indústria de petróleo e gás em Moçambique é uma indústria de desunião, lamentações, frustrações ou de uma indústria de guerra e não de construção da prosperidade dos moçambicanos", apelou.
Filipe Nyusi terminou a sua intervenção dizendo que a CFM Logistics deve assumir efectivamente os desafios para os quais foi criada.
"Não seja mais um peso para a empresa, seja alívio e produza dinheiro", concluiu.
Por sua vez, o Presidente do Conselho de Administração (PCA), Agostinho Francisco Langa Júnior, afirmou que a indústria do petróleo e gás constitui um dos pilares para o progresso nacional, gerando um crescimento progressivo da economia e mais riqueza para os moçambicanos.
A empresa Caminhos de Ferro de Moçambique " encontrou na CFM Logistics a resposta à orientação do Governo para a participação e envolvimento na indústria de petróleo e gás, como um actor relevante, fazendo e aproveitando o que melhor sabemos fazer, que é a logística e manuseamento portuário. Fizemo-lo depois de uma avaliação, interacção e diálogo com parceiros e clientes e outros actores do sector", disse o PCA.
Ao iniciar as operações marítimas, a CFM torna assim pioneira e com um forte e secular legado na logística de transportes em Moçambique e na África Austral.
"Historicamente, somos provedores em áreas que vão desde a ferrovia à marítima, dos portos à aviação civil ou camionagem automóvel. A nossa actividade está intrinsecamente ligada ao fomento e ao desenvolvimento e somos a plataforma logística de Moçambique", destacou na sua intervenção.
Hoje, acrescentou, focado na logística e manuseamento portuário, a CFM apresenta-se como um actor privilegiado no sector de transportes e presença incontornável na logística de petróleo e gás, atendendo, não apenas ao seu natural core business, mas também à quantidade e qualidade de infra-estruturas de logística, serviços e infra-estruturas que os operadores e demais clientes da indústria de petróleo e gás têm à sua disposição.
Agostinho Langa Júnior revelou ainda que, "com a CFM Logistics temos a excelente oportunidade para expandir e diversificar o escopo da nossa actividade, renovar os nossos serviços e construir novas infra-estruturas ou reabilitar e ampliar as já existentes para atender às necessidades e a demanda de logística no domínio desta indústria".
Daí que, para o PCA da CFM, a empresa CFM Logistics é uma resposta à altura dos desafios que são continuamente apresentados pelas concessionárias, contratadas, subcontratadas e pelos demais parceiros e ao compromisso firme quanto ao mandato dado pelo Governo.
"É um gigantesco desafio e uma extraordinária oportunidade. Ao cumprir este desígnio, estaremos não só a implementar um mandato do Governo, na implementação dos projectos de petróleo e gás, mas estaremos, sobretudo, a contribuir para o desenvolvimento de Moçambique", vincou.
Ainda no seu discurso, Agostinho Langa Júnior assegurou ao Governo que a CFM encara este desafio com muita responsabilidade e será o garante da implementação da estratégia de promoção do “conteúdo local” que, aliás, constitui um dos aspectos mais desafiantes e instigantes deste gigantesco projecto de exploração de petróleo e gás do nosso País, de acordo com a orientação do Governo.
Por isso, "reiteramos os agradecimentos ao nosso Governo pela confiança que depositou na CFM neste negócio da indústria de Petróleo e Gás. É um estímulo muito grande para a nossa empresa, no momento em que estamos a caminhos dos 130 anos de existência. Um estímulo à contínua superação e à realização do nosso papel como braço do Estado no fomento do desenvolvimento".
Para além do Chefe de Estado moçambicano e dos membros do Conselho de Administração da CFM, este evento histórico foi também testemunhado pelo vice-ministro dos Transportes e Comunicações, pela ministra do Mar, Águas Interiores e Pesca, pelo secretário de Estado de Nampula e pelo governador da província de Nampula.